A mãe como casa
- Filipa
- 30 de abr.
- 2 min de leitura

Por Daniela Morbey
Inicialmente, o bebé começa por conhecer o mundo através da mãe. Ainda dentro do útero, o bebé não se desenvolve apenas fisicamente como, também, consegue absorver estímulos sensoriais, que vão influenciar a sua experiência primária com o mundo. Durante a gestação, o bebé é capaz de reconhecer o som da voz da mãe; acostumar-se e acalmar-se com o seu ritmo cardíaco; sentir os seus movimentos corporais e ajustar-se a eles. Além disso, é ainda capaz de apreender o estado emocional da mãe e, em consequência, ter uma maior predisposição para sentimentos de segurança ou, de inquietação.
Neste período, o bebé vive como que num ambiente privilegiado, onde se sente protegido, com as suas necessidades sempre atendidas e, em constante conexão com a mãe.
E, é, por tudo isto, que após o nascimento, o colo da mãe se torna num porto seguro, um espaço mágico onde o bebé se sente aconchegado, seguro e amado incondicionalmente, assemelhando-se o mais possível à experiência intrauterina. Tal como nos refere Winnicott, a mãe perfeita não existe. Quer-se sim uma mãe suficientemente boa, que seja capaz de proporcionar um ambiente seguro e acolhedor, respondendo às necessidades do bebé de forma sensível e consistente, promovendo uma vinculação segura. A mãe suficientemente boa é aquela que tem a capacidade de se adaptar ao crescimento do bebé, permitindo que este possa desenvolver, de forma gradual, a sua autonomia. É também aquela que oferece segurança e previsibilidade, aspetos fundamentais para que a criança possa construir uma base emocional sólida. E, é nesse colo seguro – casa - que o bebé aprende a confiar no mundo, a regular as suas emoções e, a desenvolver a sua própria identidade. É esse primeiro vínculo que moldará a forma como o bebé se relacionará com os outros e que vai também influenciar a sua capacidade de estabelecer relações saudáveis ao longo da vida.

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