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Como fica o casal depois dos filhos?




Por Maria Alarcão



O nascimento de um filho é um marco na vida de um casal. Seja ele feito de alegria, satisfação, dificuldades, expectativas defraudadas, ou pincelado de todas elas, é um momento que acarreta inúmeros desafios na relação e implica por vezes alguns ajustamento. A dinâmica familiar é redesenhada e os papéis outrora de casal dão lugar aos de pais, gerando muitas vezes tensões e distanciamento emocional.


Com o nascimento de um bebé surge um aumento de responsabilidades, uma sobrecarga mental (exacerbada por alterações hormonais), a rotina sofre alterações drásticas (reorganização do tempo, privação de sono, diminuição/inexistência de tempo de lazer), as prioridades do casal voltam-se para o bebé, ficando a relação para segundo plano.  Este afastamento pode enfraquecer a conexão emocional e física, gerando conflitos e insatisfação no relacionamento.


Outro desafio frequente diz respeito à divergência de expectativas sobre os papéis parentais e sobre a gestão das tarefas domésticas. Quando essas expectativas não são comunicadas de forma clara e aberta, quando não existe disponibilidade para as pensar, surgem com frequência ressentimentos, disputas e cobranças. 


A falta de diálogo, somada às pressões externas, à demanda dos filhos, onde muitas vezes também a intimidade é indefinidamente adiada em prole de outras prioridades ou apenas de indisponibilidade/cansaço, pode agravar os conflitos, dificultando a resolução de problemas e a manutenção do vínculo amoroso. 


De forma a gerir de uma maneira saudável e construtiva as dificuldades que o nascimento de um filho pode ter numa relação amorosa, é essencial reconhecer e validar o impacto emocional desta nova fase. É essencial que o casal reconheça que a relação muda, que toda a dinâmica sofre alterações, mas que é possível, em conjunto, encontrar um modo de funcionamento que responda às necessidades de todos e de cada um, sem que ninguém se sinta emocionalmente mais desamparado. 


Dividir tarefas e responsabilidades de forma justa, discutir abertamente o que cada um pode fazer para aliviar a carga do outro e activar a rede de suporte (quando existente), são algumas das estratégias que podem ser utilizadas de forma a reduzir significativamente o peso que sentem. Para além disso, garantir que ambos continuam a ter momentos individuais de descanso ou lazer pode reduzir o stress e melhorar o humor. Por fim, cultivar a conexão e promover o vínculo através de conversas onde podem partilhar emoções e necessidades sem julgamento, momentos de intimidade e proximidade, gestos de carinho e cuidado com o outro, onde a cumplicidade se vê fortalecida e o afecto é resgatado.


Priorizar a relação, reconhecer dificuldades e enfrentá-las juntos é o que transforma essa fase numa oportunidade de crescimento a dois e fortalecimento do casal, conscientes que leva tempo e que o tempo de um nem sempre é o tempo do outro. É uma fase de descoberta, de tentativa-erro, até que o passo acerte. E quando está difícil fazê-lo sozinhos, lembrar que existem profissionais disponíveis para trabalhar questões mais profundas e desbloquear alguns conflitos. Este caminho não precisa, não tem e não deve ser solitário.



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