Notas sobre a esperança
- Filipa
- 10 de abr.
- 1 min de leitura

Por Manuel Felino
O bebé começa a aventurar-se além do colo parental com a capacidade de gatinhar e, mais tarde, de andar. Mas o andar livre traz, também, o tropeção, o percalço. Parto desta imagem da infância para falar sobre as vicissitudes da vida no adulto.
Os sonhos-projectos — assentes no desejo — saem amiúde frustrados pelo contacto com uma realidade que escapa ao controlo de quem sonha. Tal como o bebé que, corajosamente, dá o passo em frente e, frequentemente, cai, também o adulto passa pelo mesmo sonho falho, interrompido ou adiado por contingências da vida. Face a estes percalços, qual o devir possível? Que possibilidades?
Talvez a possibilidade de superação resida — entre outros aspectos que não abordamos aqui — na internalização de uma voz esperançadora que projecte um futuro outro que vá além da dor da impossibilidade actual; uma voz interna que contenha e transforme a dor, promovendo o crescimento. Quando esta voz não faz parte do repertório interno, cabe ao processo terapêutico criar esta voz vibrante que projecte a jusante um futuro para além do mesmo e repetitivo, para dar lugar ao novo.

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