Querido Tomás, é verdade que tudo muda quando nasce um bebé. Mas quando me perguntares: “como é que se fazem os bebés”, o difícil vai ser explicar como é que um ser se desenvolve desde uma sementinha a um ser-humano. Quase por magia. Com um coração que bate e mantém viva a máquina espectacular que é o nosso corpo, tão bem desenhada que nem os melhores cientistas a compreendem por inteiro. Nem podem.E uma mente, claro, fascinante e curiosa que me encanta todos os dias. E como se pode amar, incondicionalmente… e o que isso significa.
O difícil, vai ser explicar o que é o amor e que é possível amar sem se ver. E que mais importante, podemos (e devemos) comunicar sem palavras.
Difícil, vai ser evitar que tenhas medo dele. Mesmo quando te magoas. E mostrar-te que quando andamos a vida toda à sua procura, vivemos adormecidos… porque significa que nada nem ninguém é suficiente; e que por nos termos fechado ao amor, deixamos de sentir o outro e de nos entregarmos a ele.
E o difícil, Tomás, vai ser explicar que a beleza da vida não está nos pós de perlimpimpim, propósitos e histórias de encantar, mas na Natureza e nas relações. E que andamos todos à procura da felicidade, espiritualidade, sinais do além e encanto, quando mal paramos para olhar à nossa volta. Para nos sentirmos uns aos outros. E não termos medo de mostrar e dizer o quando amamos o outro.
O que espero é que o meu amor, e o do teu pai, te faça sentir o que é ser amado. Por tudo aquilo que és. Porque o meu maior medo é que aches que só te podemos amar quando és perfeito, ou quando és “um bom menino”. Porque infelizmente, por demasiadas vezes nos fazem crer, que uma relação verdadeira só o é se estiver controlada, contida e isenta de percalços, discórdias e respostas fora da caixa.
Mas o mais difícil vai ser a minha tentativa de nunca deixares de acreditar na magia, porque ela vive no amor. De outra forma, como seria tudo isto possível?
