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O processo terapêutico para além da sessão

  • Foto do escritor: Filipa
    Filipa
  • 24 de abr.
  • 2 min de leitura



Por Maria Alarcão



Debruço-me sobre o que vai para lá das quatro paredes de um consultório, para lá da hora que limita uma sessão de terapia. Sobre aquilo que se sente antes e depois da sessão: da forma como me preparo ou não, do ritmo a que estou a viver, daquilo que me surge ao pensamento no caminho que antecede, nos minutos antes de entrar, naquilo que se faz e sente depois.


Parto do princípio que tudo importa e é relevante. Que tudo diz muito sobre mim, sobre o processo que me proponho a viver e até sobre a relação terapêutica. Os diálogos internos que surgem na noite anterior ou nos minutos antes da sessão começar, nas possíveis contemplações, dúvidas, vazios e medos. As narrativas que se constroem, as hipóteses que se colocam. A forma como crio ou não um guião sobre o que quero e não quero falar. A consciência que tenho (ou não) o que quero evitar ou esconder. As sensações e sentimentos que tudo isso desperta e a vontade que tudo isso seja acolhido e ganhe novos contornos. Tudo importa: até aquela vontade que surge de cancelar uma sessão porque estou num dia mau, porque não tenho grande vontade, porque não sei do que vou falar.


Penso no pós-sessão onde algo ressoa, ecoa dentro de nós, no alívio ou na agitação que por vezes se instaura. Mexer em algumas gavetas fechadas pode ser duro, intenso e dificilmente fica circunscrito a uma hora e a um lugar. Do que foi dito e do que ficou no silêncio. Penso nas sensações que o corpo me dá quando evito pensar, quando reprimo, quando escondo. Penso naquelas pequenas mudanças que encontro na minha rotina, na forma como o pensamento se vai transformando. 


O processo é feito de tudo isto. A terapia continua entre sessões. No que se vai digerindo, e na forma como isso é vivido: se apazigua, se evito, se encaro, se volto lá intermitentemente. A terapia continua entre sessões. No mundo interno, nos desafios que vivo no dia-a-dia, na relação com os outros, na forma como me vejo, no que fica em nós, no que nasce e renasce. 



 
 
 

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