Por: Catarina Soares
O que há na tristeza que todos fugimos dela?
Sinto que aprendemos, desde muito cedo, a fugir da nossa tristeza e por isso a fugir do que sentimos.
Parecemos alérgicos à tristeza, porque não nos ensinam para que serve, e sim que é um perigo senti-la. Ensinam-nos que ficar triste adoece (se soubessem que é o contrário...) e a disfarçá-la (e, de disfarce em disfarce, andamos disfarçados a vida inteira).
Se fizermos uma viagem no tempo, percebemos que lá atrás eram os nossos adultos de referência que ficavam desarmados com a nossa tristeza, “não é preciso chorares”; “ficas feio/a quando choras”… Não sabiam o que fazer com esta nossa emoção (nem com a sua) e ficavam angustiados por não serem capazes de nos salvar, como se ela nos fosse fazer mal, sem pensar que o seu colo, abraço e conforto eram o suficiente para nos aquecer o coração.
Muitas vezes estar triste mantém-nos sãos. Mantém-nos saudáveis e adaptados ao mundo real, que nem sempre é o mais justo e o mais bondoso. E a tristeza tem um papel importante na forma como reagimos a estes momentos.
A tristeza sente-se.
A tristeza não nos faz feios nem maus.
Poder estar triste permite-nos estar conectados, ao mundo, ao outro, a nós.
Ninguém gosta de estar triste (claro!) mas que alívio é poder estar, quando a dor é tão grande que fingir é deixarmos de ser nós.
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