Por Rita Sousa
O Trauma tem uma amplitude tão vasta e extensa na nossa vida que pode condicionar os nossos relacionamentos e a forma como interagimos com o mundo, a forma como nos vemos e como nos sentimos diariamente. Note-se que o trauma poderá também estar relacionado com o tipo de vinculação que estabeleceu com as figuras cuidadoras na fase mais precoce da nossa vida. Esta vinculação poderá ser uma das respostas para percebermos o que leva determinadas pessoas a ficarem em relacionamentos tóxicos e abusivos.
Vinculação significa conectar-se, criar uma relação emocional profunda e duradoura que liga uma pessoa a outra no tempo e no espaço.
Estes vínculos podem ser estabelecidos nos relacionamentos familiares, românticos, de amizade, profissionais, em seitas espirituais ou instituições religiosas. Por vezes, esta vinculação não ocorre de forma segura e pode potenciar a existência daquilo a que chamamos vínculos traumáticos. No fundo, significa que esta ligação emocional que se desenvolve a partir de um ciclo repetido de abuso, negligência, abandono, traição ou violência, desvalorização e reforço negativo, que leva a sérios danos emocionais e psicológicos, (na sua maioria na infância e que se perpetuam na idade adulta), poderá interferir de forma significativa e desadaptativa com a maneira como vivemos o nosso presente e como nos relacionamos.
O trauma de um abuso pode criar emoções muito fortes e contraditórias que são muito confusas e difíceis de dar sentido, principalmente quando o abuso é alternado com fases de carinho, atenção e intimidade.
A vinculação estabelecida com outros pode passar na idade adulta por situações de dependência emocional, desregulação emocional, perturbação de stress pós-traumático, entre outras possíveis mazelas psicológicas graves que incluem:
Ansiedade e medo constantes;
Dificuldade em confiar nas pessoas;
Baixa autoestima e autoimagem;
Dificuldade em estabelecer relacionamentos saudáveis;
Padrões repetitivos de relacionamentos tóxicos;
Depressão e outros problemas de saúde mental;
Dificuldade em tomar decisões ou lidar com o conflito;
Uso de comportamentos destrutivos, como o abuso de drogas ou alimentos;
Dificuldade em lidar com as emoções e com a raiva;
Sintomas de stresse pós-traumático como flashbacks ou pesadelos.
Com este texto pretendo sobretudo, elucida-lo/a acerca da necessidade e importância de
desenvolver desde a infância relações pautadas por vínculos seguros, uma vez que na ausência dos mesmos poderemos ter significativos impactos na vida adulta. É frequente perceber que as pessoas procuram entender porque não conseguem deixar de fazer determinados comportamentos ou não ter determinados pensamentos e grande parte das vezes percebemos que os vínculos que estabelecemos têm muito a dizer sobre nós.
“Uma das maiores lições que aprendi na vida é que ás vezes é preciso votar atrás e lidar com situações realmente desconfortáveis e ser capaz de processá-las para se poder curar.”
Príncipe Harry – Duque de Sussex
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