
Por Raquel Pereira
Há quem goste do silêncio para fazer uma pausa no ruído.
Há quem sinta que estar em silêncio com alguém é um sinal de intimidade.
Há quem fuja do silêncio porque soa a vazio.
Há quem procure o silêncio como uma boa forma de se encontrar consigo mesmo.
Há tantas formas de viver o silêncio na vida, como na terapia e na relação terapêutica.
É certo que a psicoterapia tem como elemento principal a palavra. Mas engane-se quem pensa que a palavra é uma exigência. Podemos comunicar e revelar tanto no silêncio... Precisamos de confiar que alguém compreenderá o que dizemos no silêncio.
Para complexificar a questão: existem muitos tipos de silêncio, que colaboram com a terapia ou que boicotam a terapia – ainda que isto possa não ser intencional. Todos eles são importantes e merecem atenção.
O silêncio na terapia traz sempre consigo uma mensagem.
Acontece quando achamos que não temos nada para dizer naquela sessão; acontece quando precisamos de tempo para pensar, digerir e integrar; acontece quando nos sentimos perdidos; acontece quando ainda não estamos prontos para ir a um determinado lugar; acontece quando nos zangamos.
O silêncio na psicoterapia pode ser muito assustador ou muito reconfortante. Podemos interpretá-lo como “nada para dizer” ou “cheio de coisas para dizer”.
A parte mais bonita do silêncio na relação terapêutica, é a possibilidade de estar em silêncio, em conjunto.
É a permissão que damos para ficar sem palavras, com alguém, com a confiança de que estamos amparados e seremos igualmente compreendidos.
E é aí, quando deixamos de nos assustar com o silêncio na terapia, que compreendemos que no fundo, esta é a arte de dizer tudo sem dizer nada.

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