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Quebrar a rotina devia ser regra (Principalmente na crise!)

  • Foto do escritor: Filipa
    Filipa
  • 8 de mai.
  • 2 min de leitura


Por Rita Fernandes Cruz




O meu filho esteve internado uma semana após vários episódios de desmaio. As duas irmãs assistiram a um e ficaram claramente assustadas.


[O Francisco está bem e tudo indica que não passou de um susto]


Não é sobre o Francisco que escrevo. Teria muito a contar-vos sobre este episódio mas quero falar-vos das irmãs.


Cá em casa seguimos a regra de que todas as emoções são válidas e que há espaço para a raiva e para a tristeza. Vale chorar, gritar, dar chutos numa bola com força. Quando a emoção está demasiado intensa só não podemos magoar alguém, magoar-nos (com gestos ou palavras) nem estragar coisas (se estragamos temos de arranjar!). 


Depois de um episódio destes assumimos que que todos, adultos e crianças estariam certamente assustados, tristes, com medo.

Metemos baixa para acompanhar o Francisco.... "E as meninas? "Porque não vão à escola?" "Fazia-lhes bem. Distraiam-se e brincavam". "Vocês descansam mais!"

O único argumento que me fez ponderar (1seg) foi o do descanso. Estávamos mesmo cansados.


Mas não queríamos as miúdas "distraídas". Era importante abrir espaço para que a tristeza surgisse, nas palavras e nos silêncios.


Porque insistimos em impedir as crianças de sentirem a tristeza? Porque as queremos distrair nos dias difíceis?


Talvez porque nos desconcerta e dói.

A mim doi-me ver os meus filhos tristes. Mas se não lhes der espaço para expressar o que sentem, como vão gerir os momentos mais dolorosos e as frustrações da vida? Que fugas irão procurar se não souberem lidar com a dor e a angústia?


Decidimos que da mesma maneira que não tínhamos condições para trabalhar, elas poderiam optar ficar connosco ou ir à escola (a mais nova nem tanto. Ainda não fez dois anos e por isso decidimos que ficava em casa). Curiosamente a mais velha pediu para ir num dia em que tinha um passeio. E foi ao hóquei e jantou duas vezes na casa da melhor amiga.


Cabe a cada família decidir o que é melhor para si em cada momento. Cabe a cada pessoa perceber os limites do seu cansaço e escolher o melhor para cada criança.


Por outro lado, sinto que ficamos muito presos às rotinas das crianças. Como se o calendário escolar ou o calendário de atividades fosse uma prisão da qual não nos podemos libertar.


"Tantos dias em casa, o regresso vai ser mais difícil" "Vão ficar mal habituados" "Depois não gostam da escola!"


Ninguém devia ser obrigado a gostar mais de estar na escola do que estar em casa. 


E as rotinas servem para que nos momentos importantes possamos dizer "tu és mais importante do que o meu trabalho e do que a tua escola. Hoje ficamos todos juntos".



 
 
 

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