
Por Olga Reis
Fecha os olhos por um momento e lembra-te de ti mesmo nessa fase. Eras o rebelde que desafiava tudo e todos? Ou aquele que seguia as regras e tentava agradar? Eras o tímido que se escondia nos cantos ou o falador que enchia a sala com histórias e risos? Talvez tenhas sido uma mistura de tudo isso. Talvez ainda estejas a tentar descobrir quem foste.
A adolescência é isso: um turbilhão de emoções, erros e aprendizagens. É o medo de não ser suficiente e a vontade de conquistar o mundo ao mesmo tempo. É querer independência, mas ainda precisar de um abraço. É sentir tudo intensamente e nem sempre saber como lidar com isso.
Agora pensa no adolescente que tens à tua frente. Ele ou ela está exatamente nesse lugar onde tu já estiveste. Mas enquanto tu tinhas os teus desafios, eles têm os deles – e o mundo deles é diferente. Há as redes sociais, a pressão constante para ser perfeito, o medo de falhar em público, o stress da escola, os padrões impossíveis.
Mas, no fundo, são as mesmas questões: Quem sou eu? Sou suficiente? Alguém me vê? Alguém me entende?
Lembra-te de como te sentias quando ninguém te ouvia ou quando sentias que as tuas emoções eram descartadas como “drama”. Lembra-te de como ansiavas por alguém que te dissesse: “Eu estou aqui. Eu vejo-te. Não precisas de carregar tudo sozinho.”
Se há algo que podes fazer pelo adolescente que tens agora diante de ti, é ser essa pessoa. Não para o corrigir, controlar ou julgar, mas para estar presente. Para o ouvir. Para lhe mostrar que, no meio do caos e da confusão de crescer, ele tem em ti um porto seguro.
Porque o adolescente que tu foste só queria ser compreendido. E o adolescente que olhas nos olhos hoje quer exatamente o mesmo.

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