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Querido filho, gostava de te falar sobre sofrimento.

Querido filho, gostava de te falar sobre sofrimento. E sobre a forma como todas as mães e pais o desejam longe. E com uma vontade de o afastar envolta em medo, estremecem quando o sentem. E sofrem, mesmo quando ainda só o imaginam.


Querido filho, gostava de te falar sobre sofrimento. E sobre a forma como a mãe, mesmo que fique com o coração pequenino e pequenino só de pensar, não te vai conseguir isolar dele. Nem pode. Não seria bom para ti. Porque ao contrário do que se pensa, construir um cerco para que não se sinta, só nos enfraquece com o tempo. Porque o sofrimento passa a ser o centro dos nossos medos, e o desejo pelo controlo comanda tudo o que somos e fazemos. E é assim que nos perdemos e travamos batalhas contra nós mesmos.


Querido filho, gostava de te falar sobre sofrimento e sobre a forma como a mãe estará sempre presente (sempre!). Não para lutar contra ele, mas para te ajudar a não ter medo dele. Para te dar colo. Para te acolher. Para te ouvir e aconselhar. Para te ensinar a assinar tréguas com aquilo que sentes, por que só assim te libertas e serás verdadeiramente feliz.


Querido filho, gostava de te falar sobre sofrimento. E em segredo, contar-te que não vai ser possível que não o conheças. Mas a mãe tem a certeza que apesar de ser certo que ele te vá acompanhar em alguns momentos da tua vida (espero que poucos!), tu te lembrarás do que a mãe te disse: o sofrimento não te destrói, se não tiveres medo dele. Conversa com ele. Conversa sobre ele. E acima de tudo, acredita em ti e nas pessoas do teu coração, porque não se caminha sozinho.


E um dia estarás a andar, olhando em volta com a certeza de que já passou. E tu, mais forte, continuarás, a caminhada da vida. Com mais uma história para contar.


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