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A voz do inominado

  • Foto do escritor: Filipa
    Filipa
  • 31 de jul.
  • 1 min de leitura

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Por Luís Chambel Martins




Na quietude da noite, o corpo fala,

num leve sussurro, um murmúrio,

em que o pensamento se fixa e instala:

“será prenúncio de mau augúrio?” 


Somente um ardor, um palpitar, 

dormência vaga de qualquer sorte,

mas na mente cresce, sem cessar,

um medo antigo: a sombra da morte. 


Mais do que um medo é um saber,

porventura falso… mas sê-lo-á?

Se o corpo fala, terá razão para o fazer…

ou tão-só pânico de se calar? 


Cada sintoma um espelho, 

cada sinal um eco. 

O corpo torna-se dialeto 

do que é pela mente inominado:

o amor que faltou; 

o calor que ficou por ser, 

por receber, 

por reparar… 

o corpo oferece-se 

para que dele saibam cuidar. 


A doença tem forma, passível de revelar,

mas invisível em ECG, TAC ou ecografia:

é privação, é angústia sem lugar;

é dor psíquica silenciada 

que o corpo anseia por fazer escutar.


Escuta-o.


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