Por Sofia Lebres
Acredito que todos compreendemos a importância de saber quem somos e de ter a coragem para agir em conformidade com isso mesmo. É um guia importante, que nos orienta nos diferentes contextos da vida, e que nos traz um sentido de coerência e de integridade. Mas não é uma coisa imutável, ou que comece e acabe na adolescência.
Pelo contrário, uma das nossas maiores diretrizes, está em constante construção e, apesar de ser algo que nos define, enquanto seres únicos e individuais, é construída com a ajuda dos que nos rodeiam. Ora, porque eles identificam em nós, características que nós não reconhecíamos (boas ou más!). Ora, porque nos dão exemplos que queremos seguir.
Assim, a identidade é um desenho que nós assinamos, mas que não desenhamos sozinhos e que não é inteiramente diferente do que já foi desenhado.
Só que, por vezes, vivemos muito obcecados com o objetivo de nos definirmos de uma forma rígida; com uma só palavra. Ou com o objetivo de sermos muito diferentes de tudo o que já existe, para, assim, nos distinguirmos. Ou, até, de fazer da nossa identidade, um desenho imaculado, sem defeitos ou erros técnicos. Nestas situações, tendemos a fugir ainda mais daquilo que somos.
Na realidade, será que queremos perceber quem somos, ou será que temos medo de nos perder nos outros e nas suas expectativas? E, se assim for, não quererá dizer que, já por várias vezes, não fomos fiéis a nós próprios, por medo de não sermos suficientes para os outros?
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