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Para a pessoa com POC

Por: Sofia Lebres



Cresceste num lugar inseguro ou instável,

Nada era previsível ou controlável.


Sentiste-te, muitas vezes, abandonada,

Com as tuas emoções, rejeitada.


Ou, então, tinhas uma família aparentemente unida,

Mas, para a regulação emocional, pouco munida.


Só existias quando eras amável,

Caso contrário, pouco respeitável.


Não sabias o que fazer às emoções que sentias.

Pareciam-te más, inaceitáveis, ou assim as entendias.


Tinhas que (te) controlar.

Só podias controlar.

A outra opção seria fragmentar.


Partir-te em cacos,

Como um vidro que não é possível salvar.


Foi aí que eu apareci: Perturbação Obsessivo Compulsiva.

Ao serviço deste alguém, que sente que não tem ninguém,

Com quem possa ser todas as suas partes.

Principalmente, as combativas, aversivas ou, simplesmente, irrefletidas.


Zanga?

Ódio?

Afogamento?

Fragmentação?

Um sufoco sem tradução.


Ai!!!

Que repentina vontade de arrumar,

Ou verificar.

Voltar atrás,

Repetir.

Em loop, não avançar.


Tudo para conferir que o teu lado mau não chegou a fugir.

E que, dentro de ti, permanece escondido.

Para sempre, reprimido.


Da: POC

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