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Ser mãe longe de casa

  • Foto do escritor: Filipa
    Filipa
  • há 14 minutos
  • 2 min de leitura

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Por Leonor Rocha Leite



Ser mãe é, por si só, uma enorme transformação. Mas quando acontece longe de casa e da família, ganha novas camadas, complexas e, muitas vezes, invisíveis.


Para muitas mulheres, a chegada de um bebé é acompanhada por uma rede familiar pronta a ajudar: mães, avós, tias... Quando se vive noutro país, ou mesmo noutra cidade, essa rede de apoio muitas vezes não está presente fisicamente, o que pode gerar um sentimento profundo de solidão.


Mesmo com tecnologia que aproxima, há coisas que o contacto físico não substitui: um colo, um abraço, uma comida de conforto, alguém que segure o bebé para a mãe poder tomar um banho...


Sem essa rede de apoio, muitas mães podem sentir-se sobrecarregadas e desamparadas, emocional e fisicamente, especialmente no pós-parto, em que elas próprias estão a precisar de ser cuidadas.


Em contextos de emigração em países em que as diferenças culturais e linguísticas são mais acentuadas, a insegurança e a dificuldade em compreender e em ser compreendida, torna tudo ainda mais difícil.


Ainda que, em grande parte dos casos, a decisão de emigrar tenha sido ponderada e tenha enormes mais-valias, é natural que, na vivência da maternidade, possam emergir sentimentos ambivalentes e dúvidas sobre se foi a escolha certa. As mães podem sentir saudades das pessoas, dos lugares, das rotinas anteriores. Podem sentir culpa e insegurança por estarem a criar o filho fora do seu país e cultura, e longe da família e das suas raízes. Podem sentir que a sobrecarga e falta de rede de apoio as levam a não serem as mães que gostariam de ser. 


É, por isso, muito importante ter especial atenção à saúde mental das mães que estão longe de casa e dos seus. Dar espaço e acolher estes sentimentos ambivalentes e ajudá-las a encontrar caminhos que possam ajudar a viver esta jornada com mais leveza e confiança. 


Criar novas redes de suporte pode fazer toda a diferença. Procurar grupos de mães que estejam a passar pelas mesmas fases e desafios. Dar-se a conhecer a vizinhos, colegas ou profissionais que possam estar presentes fisicamente no dia-a-dia. Explorar atividades e contextos amigos da família, onde se possa passar tempo e conhecer pessoas novas. 


O desafio de ser mãe longe de casa é imenso, mas pode ser também uma oportunidade de crescimento e reconstrução de raízes num novo lugar e com novas pessoas que nos acrescentem valor. É, por isso, importante procurar recursos na comunidade e não se entregar ao isolamento em casa. Porque, como diz o ditado, é preciso uma aldeia para criar uma criança. E com essa "aldeia", com o amparo e o suporte necessário, tudo se torna mais simples e mais bonito.




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