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Tratado de paz com as birras



Por Filipa Maló Franco





Precisamos de assinar um tratado de paz com as birras. 


Compreender que se por um lado fazem parte de do desenvolvimento normal e saudável por outro, constituem um sintoma quando são vividas de forma demasiado intensa, imprevisível e mais recorrente do que era esperado


Precisamos de assinar um tratado de paz com as birras, mas a guerra não é com os nossos filhos, é com a sociedade. Uma sociedade que exige em demasia, rotula de forma desproporcionada, espera o impossível e culpa o que é natural. Uma guerra connosco, que enquanto pais, educadores e profissionais de saúde, por vezes estamos muito mal informados acerca das emoções e que vivemos com medo de tudo o que não controlamos ou não percebemos. Uma guerra com as nossas inseguranças, com a culpa, com a pressão. 


Precisamos de assinar um tratado de paz com as birras e perguntarmo-nos numa primeira instância, sobre o porquê de mexerem tanto connosco. Sobre o porquê do choro da tristeza ser mais fácil de lidar do que o da raiva e frustração. Sobre o porquê de não darmos espaço e tempo às emoções de todos e porque é que frequentemente comparamos agressividade a violência. 


Precisamos de assinar um tratado de paz com as birras. Porque só assim é que perdemos o medo delas, e acolhemos, com confiança, os nossos bebes e crianças que as olham através dos nossos olhos. 





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