Por Leonor Rocha Leite
Quando se é mãe a vida muda para sempre.
Ter um filho é escolher viver em prol de uma outra pessoa, é assumir uma responsabilidade que não tem "v" de volta. É estabelecer um laço afetivo que dura até ao fim dos nossos dias.
E se tanto de maravilhoso tem este compromisso de ser mãe, também de assustador e imprevisível, na mesma medida.
Ser mãe é viver por amor e em amor, é ganhar um sentimento nunca antes sentido.
Mas é também perder. É perder a vida antes dos filhos, é entregar a liberdade. É (por momentos) esquecer o sentido de si, mulher.
É dar um novo sentido à vida.
Será que a balança da vida equilibra as perdas e os ganhos da Maternidade? Será que é sempre um "sim"? Será que é sempre um "não"? Ou será um "mais ou menos", "depende dos dias", "depende das fases"?
Uma coisa é certa, a Maternidade é uma grande montanha russa de emoções e sentimentos. E cada mulher a vive segundo a sua realidade, o seu contexto, a sua experiência, a sua maneira de ser.
A verdade é que para muitas mulheres a Maternidade implica um luto. Um luto da vida anterior aos filhos. Uma vida que (também) era boa e da qual se sente saudades.
E isto não quer dizer, em momento algum, que não se ama os filhos, ou que não se adora ser mãe.
Quer dizer apenas que as mulheres são feitas de muitas coisas, de muitas camadas, de muitos interesses, motivações, emoções e objetivos. E pode ser realmente difícil conciliar tudo.
Pode ser desafiante encontrar uma nova identidade depois de se ser mãe. Pode demorar até a mulher se reconhecer naquele papel e conseguir encaixar todas as peças do puzzle que é a vida.
E nada disto significa falta de instinto materno, falta de "jeito" para ser mãe, falta de amor pelos filhos, nem muito menos egoísmo ou ingratidão.
Às vezes só significa que é preciso tempo, que é preciso criar "pontes" com a vida anterior, trazer ao dia-a-dia da Maternidade uma pitada de individualidade e de momentos a sós para fazer só aquilo que se sente falta de fazer.
É importante procurar equilibrar esta balança.
Ser mãe não traz só coisas boas, como também não traz só desafios e dificuldades. É uma mistura equilibrada dos dois. Porque, se não fosse assim, será que as mulheres continuavam a escolher ter 2, 3, 4 ou mais filhos? Se fosse apenas um conjunto de perdas e se os ganhos não compensassem tudo aquilo que fica para trás, ninguém quereria ser mãe.
Porque, afinal de contas, de uma maneira ou de outra, por um caminho ou por outro, todos ambicionamos o mesmo na vida: a felicidade e o amor. E ser mãe pode trazer tudo isso.
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