Por: Mónica Torres
O final do ano é um lugar de perguntas. Umas fazem-nos rir. Por ser fácil encontrar respostas junto da nossa realidade. Fazem-nos sentir inteiros. Felizes. Outras fazem-nos chorar. De tão longe que estão. Por tocarem em feridas abertas. E por nos deixarem, tantas vezes, desamparados sem contar. Algumas fazem-nos pensar. Em quem somos. Quem queremos ser. Quem queremos levar. E quem fica para trás.
O final do ano é um lugar de perguntas. E respostas. Mania (boa!) a nossa de as procurar! A passagem de ano é um marco. Que reorganiza a vida. Estrutura um fim e um início. Que coexistem. Onde, inevitavelmente, surge a oportunidade de fazer um balanço daquele que foi o nosso ano. Com tudo o que se conquistou. E o que não se alcançou.
O final do ano é um lugar de perguntas. Esperamos as doze badaladas para passar a fronteira. E traçamos coordenadas para os doze meses que se avizinham. Verdade é que todos precisamos de metas para seguir em frente. Caso contrário corremos o risco de andar à deriva.
O início do ano é um lugar de perguntas. As resoluções mostram-nos quais as nossas prioridades e ajudam-nos a defini-las. E que úteis podem ser! Desde que flexíveis… Traçamos objetivos de forma mais ou menos racional. A questão surge quando escolhemos objetivos que não são prioridade para nós. E quando os estipulamos de forma rígida. Sem margem para acidentes de percurso e mudanças de rota. A intransigência e a frustração caminham de mãos dadas.
O início e o final do ano são lugares de perguntas. Porque nos levam, às vezes, inadvertidamente, a uma introspeção sobre a nossa vida e ao confronto, quase forçado, de tão natural, com o modo como ela nos faz sentir e nos representa, ou não. Sendo que, em alguns momentos, as respostas podem magoar-nos, fazer-nos duvidar de nós próprios. Do nosso valor. Porque nos remexem sem autorização. E nos obrigam a abrir as portas do nosso coração. E a tomar decisões. Porque fazem ecoar dentro de nós a questão de ouro: "Afinal, gostamos da nossa vida? Ela tem a nossa cara? Ou andamos, apenas, a viver uma história da qual não somos autores?".
E, se pensarmos bem, ainda bem que o fazemos. Ainda bem que questionamos e não fechamos os olhos às respostas que se impõem, mesmo quando estas nos provocam dor. É desta transparência que nasce a possibilidade de mudança, que não precisa de ser majestosa, nem turbulenta. Apenas, precisa de ser. Alinhada connosco e com as nossas emoções. Projetar o futuro, sob a forma de sonhos e objetivos, faz-nos andar para a frente, desde que movidos por expetativas ajustadas.
Assim, este ano, quando pedirem os vossos desejos, pensem nisto, se vos fizer sentido, claro! E não se esqueçam, também, que, da mesma maneira que estamos a celebrar um início, estamos a honrar um fim, que, certamente, tem muitos pontos dos quais nos devemos orgulhar. Por isso, não descurem a atenção a tudo o que alcançaram!
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